segunda-feira, 28 de maio de 2012

DIMENSÃO POLÍTICA DO CRISTÃO


Dimensão Política do Cristão

José Angelo da Silva Campos



14Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes.

15Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!”

16Jesus, porém, lhes disse: "Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!" (Mt 14,14-16)

Esta Palavra da Salvação está contida no texto do evangelho que nos leva ao encontro da instituição da Eucaristia. É o evangelho do milagre da multiplicação dos pães, que num sentido teológico reforça as ações de partilha e compromisso inseridas na comunhão do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O verdadeiro cristão come da carne e bebe do sangue de Jesus Cristo. Assim diz em João 6,56-57: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim.”

Ao alimentarmo-nos do próprio Cristo, fazemos comunhão, ou seja, sintonizamos nossos sentimentos, modo de pensar, agir e sentir ao próprio Jesus Cristo. Assumimos assim um compromisso incomensurável com a sua Palavra.

Quando o Senhor enche-se de compaixão pelo povo e age levando a ele a cura. Assim Ele quer que façamos nós, que à Mesa Sagrada, dEle nos alimentamos.

Quando o Senhor diz , “dai-lhes vós mesmos de comer!”, Ele está nos exortando a descruzarmos nossos braços, livrar-nos da confortável omissão, e, sem temor, agirmos como se o mundo dependesse apenas de nós mesmos.

A fome, a miséria, a violência, a corrupção, o relativismo religioso, o relativismo moral, a malevolência que a omissão produz, são doenças do mundo que assolam toda a humanidade, e não podem ser taxadas como da responsabilidade de determinados órgãos públicos ou entidades sociais.

O cristão poderia dizer: - orientemos a todos os que sofrem desses males para que voltem a suas origens e procurem uma forma de livrarem-se desses infortúnios. E o Senhor diria, Dai-lhes vós mesmos o refrigério.

Essa exortação, esse compromisso assumido na Eucaristia, dimensiona um espaço ilimitado para a ação política do Cristão, seja como participante ativo das disputas dos cargos eletivos, seja no peso da responsabilidade do voto.

O cristão há de vincular a responsabilidade na escolha de um candidato através do voto, ou, como agente político, na formação das Leis, com o respeito aos princípios da cristã, à moral, à vida e à instituição sagrada da família.

O “Dai-lhes vós mesmos”, compromete-nos fortemente com a construção do mundo que vivemos, para que os nossos filhos o recebam, cada vez mais assimilado ao Reino de Deus.

A Congregação para a Doutrina da , em Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política, aprovada pelo Sumo Pontífice João Paulo II, em 21 de novembro de 2002. Assinada pelo então Prefeito Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI), ao fim, profere a seguinte conclusão:

As orientações contidas na presente Nota entendem iluminar um dos mais importantes aspectos da unidade de vida do cristão: a coerência entre a e a vida, entre o evangelho e a cultura, recomendada pelo Concílio Vaticano II. Este exorta os fiéis “a cumprirem fielmente os seus deveres temporais, deixando-se conduzir pelo espírito do evangelho. Afastam-se da verdade aqueles que, pretextando que não temos aqui cidade permanente, pois demandamos a futura, crêem poder, por isso mesmo, descurar as suas tarefas temporais, sem se darem conta de que a própria , de acordo com a vocação de cada um, os obriga a um mais perfeito cumprimento delas”. Queiram os fiéis “poder exercer as suas atividades terrenas, unindo numa síntese vital todos os esforços humanos, familiares, profissionais, científicos e técnicos, com os valores religiosos, sob cuja altíssima hierarquia tudo coopera para a glória de Deus.

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