O Direito de Ficar Calado! A Paz dos
Acomodados
José Angelo da Silva Campos
Nesta terra onde o órgão de acusação
é o Fantástico, o tribunal impõe a
pena do esquecimento e o silêncio é o seu melhor aliado, esse direito se torna
obrigação.
Esse é o entendimento dos acomodados
pacificadores de plantão, que assim professam sua fé:
Quem questiona não é filósofo, mas
sim um chato. Quem denuncia não é cidadão, mas sim um frustrado que só quer
prejudicar os outros. Quem se preocupa com o próximo não é o bom samaritano,
mas sim o bicão que se mete no que não lhe compete. Se conselho fosse bom seria
vendido e caro.
O herói é empreendedor, tem visão e expertise, sabe o momento certo de agir
e tem sempre o foco no resultado. Ele dita regras e impõe suas vontades com o
ardil e a sutileza plástica dos camaleões, convence as massas e absorve os
dividendos.
Os “vilões”, desprovidos dos
predicados característicos do herói, ou sucumbem ao poder e se fazem massa de
manobra, ou aniquilam-se sob a depressiva exclusão social.
O silêncio pacifica o espírito e
permite a cômoda posição de expectador, que coadjuvante, visualiza o moribundo,
mas como o sacerdote, atravessa a rua na certeza de que um bicão há de se
ocupar daquele percalço.
Ficar calado, omisso, submisso,
explorado, sugado, usufruído, livre da peleia, alheio a tudo vendo o tempo
passar.
Isso é viver tranquilo acomodado e
poder exclamar sorridente:
- Que paz!
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