Ser Fiel
no Pouco – Questão
de Escolha
José Angelo da Silva Campos
Nos atos simples
do nosso dia
expressamos o conteúdo do nosso ser.
Os doutores
da psiquiatria e da psicologia
usam um termo
chamado psicoadaptação para definir
a forma como nós somos capazes
de retomarmos a rotina da nossa
vida após uma
grande perda
(morte de um parente, uma falência,
a perda de um
membro do corpo,
etc.), ou seja, nós
passamos a entender como
sendo uma coisa normal
o fato trágico
ocorrido conosco. Também
pelo mesmo fenômeno psíquico,
tornamo-nos dependentes químicos ou físicos, ou
seja, nosso organismo
entende que o uso
de determinadas substâncias é normal e essencial
à nossa vida
em face
dessa adaptação psíquica.
Portanto, o fenômeno
da psicoadaptação existe para nos
proteger do sofrimento, mas,
ao mesmo tempo,
pode tornar-se um grande
dificultador para a nossa
reação aos vícios
da vida.
Tal relação entre
a nossa rotina
diária e a transformação dos nossos atos em normais e/ou essenciais à nossa
vida, pode ser
fortemente notada com
relação aos pecados
e à criminalidade.
Já dizia Santo Agostinho: “A neve
recém caída derrete com facilidade. Mas
se o sol não
a atinge endurece. E, acumulando-se ano após ano, resistindo
às investidas do clima,
torna-se uma grande geleira,
uma montanha de gelo.
Algo parecido ocorre com os pequenos
pecados. Fáceis de eliminar
no princípio, acumulados vão endurecendo pouco
a pouco e, conservados por muito tempo longe da ação da graça,
tornam-se quase incorrigíveis.”
(Enarrationes in psalmis – 147, 1-2)
Quando passamos a mão
sobre a cabeça
dos nossos filhos
nos seus
pequenos erros,
sem repreendê-los, ou
damos a eles o exemplo
praticando pequenos delitos
(pequenas piratarias, pequenos subornos,
etc.), ou comentamos com ar de aprovação
as perversidades da vida,
tais como
o aborto, a corrupção, o consumo
de drogas ilícitas e a sexualidade desregrada, geramos no inconsciente (nosso
e das crianças) o fenômeno da psicoadaptação, e
corremos o sério risco
de entendermos como naturais
crimes e pecados
de grande monta,
construindo em nossos
filhos personalidades
materialistas e divididas entre a Luz e a treva.
No Evangelho,
segundo Lucas, 16, 10-13, Jesus disse: “Quem é fiel
nas pequenas coisas
será fiel também
nas grandes, e quem
é injusto nas pequenas
será injusto também
nas grandes. Por
isso, se não
sois fiel no uso
do dinheiro iníquo,
quem vos
confiará o verdadeiro bem?
E se não sois fieis
no que é dos outros,
quem vos
dará aquilo que
é vosso? Ninguém pode servir
a dois senhores.
Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e
desprezar o outro.
Não podeis servir
a Deus e ao dinheiro”.
Portanto, a escolha
é nossa: Ser cristão
verdadeiro, expressando na face a imagem de Cristo,
ou permanecermos “em
cima do muro”
(para algumas coisas
somos cristãos e para outras contamos com a misericórdia
divina).
Tratemos com
atenção redobrada os nossos atos rotineiros; sejamos um
pouco mais
severos conosco e busquemos evitar ou corrigir nossos pequenos
desvios, para
que não
nos acostumemos com a falta de amor,
de caridade, de respeito
ao próximo e de zelo às coisas alheias.
E agindo assim, tornemo-nos semeadores da Paz e do Amor que o nosso Salvador de graça nos concede.
Nenhum comentário:
Postar um comentário