sábado, 15 de novembro de 2014

SER FIEL NO POUCO - QUESTÃO DE ESCOLHA



Ser Fiel no Pouco – Questão de Escolha
José Angelo da Silva Campos


Nos atos simples do nosso dia expressamos o conteúdo do nosso ser.
Os doutores da psiquiatria e da psicologia usam um termo chamado psicoadaptação para definir a forma como nós somos capazes de retomarmos a rotina da nossa vida após uma grande perda (morte de um parente, uma falência, a perda de um membro do corpo, etc.), ou seja, nós passamos a entender como sendo uma coisa normal o fato trágico ocorrido conosco. Também pelo mesmo fenômeno psíquico, tornamo-nos dependentes químicos ou físicos, ou seja, nosso organismo entende que o uso de determinadas substâncias é normal e essencial à nossa vida em face dessa adaptação psíquica. Portanto, o fenômeno da psicoadaptação existe para nos proteger do sofrimento, mas, ao mesmo tempo, pode tornar-se um grande dificultador para a nossa reação aos vícios da vida.
Tal relação entre a nossa rotina diária e a transformação dos nossos atos em normais e/ou essenciais à nossa vida, pode ser fortemente notada com relação aos pecados e à criminalidade.
dizia Santo Agostinho: “A neve recém caída derrete com facilidade. Mas se o sol não a atinge endurece. E, acumulando-se ano após ano, resistindo às investidas do clima, torna-se uma grande geleira, uma montanha de gelo. Algo parecido ocorre com os pequenos pecados. Fáceis de eliminar no princípio, acumulados vão endurecendo pouco a pouco e, conservados por muito tempo longe da ação da graça, tornam-se quase incorrigíveis.” (Enarrationes in psalmis – 147, 1-2)
Quando passamos a mão sobre a cabeça dos nossos filhos nos seus pequenos erros, sem repreendê-los, ou damos a eles o exemplo praticando pequenos delitos (pequenas piratarias, pequenos subornos, etc.), ou comentamos com ar de aprovação as perversidades da vida, tais como o aborto, a corrupção, o consumo de drogas ilícitas e a sexualidade desregrada, geramos no inconsciente (nosso e das crianças) o fenômeno da psicoadaptação, e corremos o sério risco de entendermos como naturais crimes e pecados de grande monta, construindo em nossos filhos personalidades materialistas e divididas entre a Luz e a treva.
No Evangelho, segundo Lucas, 16, 10-13, Jesus disse: “Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes, e quem é injusto nas pequenas será injusto também nas grandes. Por isso, se não sois fiel no uso do dinheiro iníquo, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fieis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.
Portanto, a escolha é nossa: Ser cristão verdadeiro, expressando na face a imagem de Cristo, ou permanecermos “em cima do muro” (para algumas coisas somos cristãos e para outras contamos com a misericórdia divina).
Tratemos com atenção redobrada os nossos atos rotineiros; sejamos um pouco mais severos conosco e busquemos evitar ou corrigir nossos pequenos desvios, para que não nos acostumemos com a falta de amor, de caridade, de respeito ao próximo e de zelo às coisas alheias.
E agindo assim, tornemo-nos semeadores da Paz e do Amor que o nosso Salvador de graça nos concede.

Nenhum comentário:

Postar um comentário