sábado, 29 de abril de 2017

PESSOAS BRILHANTES



Pessoas Brilhantes
José Angelo da Silva Campos

A natureza é autônoma e regida por uma Inteligência divina. Nela vemos o ciclo da vida repetir-se em forma e método, na imensidão do cosmos e no reduzido microcosmos.
Nesse turbilhão de energia que provoca e é provocada pelos ciclos existenciais de todas as formas, encontramos patente o estresse, que nada mais é que o tensionamento de uma matéria até o limite da sua resistência.
Esse tensionamento, enquanto não rompe, provoca dor. Daí, não estaríamos mentindo se disséssemos que a toda transformação na natureza existe dor.
Observemos um lindo brilhante encastoado num anel de ouro branco. Quantas cores, que transparência paradoxalmente unida a um tom opaco, que faz do seu brilho algo tão exclusivo ao ponto de tornar-se seu nome: “brilhante”.
Essa joia tão desejada, tem na sua composição química um paralelo com o carvão. É o carbono a composição de ambas. Mas as semelhanças param por aí. É a alta pressão, forte tensão, aplicada ao carbono que provoca a formação do diamante. Portanto, é a forte carga de estresse o grande diferencial em se obter da mesma matéria do carvão, um mineral da mais alta resistência, que submetido ao atrito com qualquer outra matéria conhecida, sai sempre vencedor, daí o título de pedra mais dura que há.
O diamante bruto, como o nome diz, é bruto demais para servir de adorno. Assim, ele é submetido a nova carga de estresse, sofre cortes e polimentos até que sua forma lapidada, unida ao ouro e à platina, o transforme na mais desejada peça ornamental, o brilhante, “a joia”.
A dor dói, mas produz brilho e excelência.
A vida é bela.
A vida humana é o que há de mais belo na natureza.
Da dor do parto nasce uma linda e reluzente criança, um verdadeiro diamante bruto: lindo, forte, mas carente de lapidação.
São os atritos do convívio com nossos semelhantes que permitem o aparar das arestas e o polimento da nossa tez, para que mais que a nossa luz própria, sejamos capazes de brilhar, refletindo a luz do amor e da amizade que recebemos uns dos outros.
No convívio diário, nas nossas concessões, nossas rejeições, nossas dificuldades e vitórias, cumprimos um ciclo comum a todos os elementos da natureza, com o diferencial de que carregamos conosco um brilho próprio, concedido pela graça, que, mais que iluminar o mundo, transmite na amizade essa contagiante energia do amor que faz de nós pessoas brilhantes.

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